27 de Abril de 2018
Documento do mês de abril de 2018
Há 44 anos ocorreu um dos maiores acontecimentos da História de Portugal, a Revolução de 25 de Abril, também denominada Revolução dos Cravos, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e iniciou um processo que viria a implantar um regime democrático no nosso país.
Para nos juntarmos às comemorações do dia 25 de Abril destacamos para “Documento do mês de abril” o relatório dos principais acontecimentos passados no Governo Civil do Distrito de Évora desde o dia 25 de abril até ao dia 4 de maio de 1974, feito pelo então Secretário do Governo Civil de Évora, no exercício das funções de Governador Civil, António dos Santos Cartaxo Júnior.
A notícia do movimento libertador das forças armadas chegou a Évora no dia 25 de abril, logo pela manhã, através da rádio. Segundo as declarações de António Cartaxo, o Governador Civil, e ele próprio, estiveram toda a manhã no edifício do Governo Civil, mas da parte da tarde o Governador Civil não compareceu e manteve-se incontactável. Como previa a Lei, na falta do Governador Civil, o senhor António Cartaxo, enquanto secretário, assumiu o posto, contactando o Comandante da Região Militar de Évora e disponibilizando-se para servir o Movimento das Forças Armadas. No dia 26 teve conhecimento que o Governador Civil estava com o Presidente da Câmara e que iria às instalações do Governo Civil para falarem. Através da rádio tiveram conhecimento que a Junta da Salvação Nacional exonerava os Governadores Civis e concedia aos secretários das instituições os respetivos poderes. Perante esse facto o Governador Civil abandonou o edifício. O senhor António Cartaxo contactou a Região Militar de Évora e os presidentes das Câmaras Municipais dos concelhos do distrito ou os vice-presidentes em exercício para ficarem à frente das instituições até novas ordens da Junta de Salvação Nacional. No dia 27 voltou a colocar-se à disposição das autoridades militares e ao serviço da Junta de Salvação Nacional e do General António Spínola. Durante a tarde congratulou o Coronel Fontes Pereira de Melo, novo Comandante da Região Militar de Évora.
Durante os dias que se seguiram o senhor António Cartaxo mostrou sempre o seu apoio incondicional à Junta Nacional, recebeu no seu gabinete diversas entidades policiais, oficiais e particulares que se mostraram também elas apoiantes do programa da Junta de Salvação Nacional.
No relatório declarou que, como trabalhador e cidadão democrata, participara no enorme cortejo cívico de comemoração do “Dia dos Trabalhadores” no dia 1 de maio, que ocorrera no Rossio de São Brás, caminhando à frente com entidades civis e militares. No dia 4 foi procurado pelo secretário do Senhor Arcebispo de Évora, que lhe pediu autorização para a realizar as duas principais procissões em Vila Viçosa. Depois de trocar impressões, e vincando o carácter liberal e democrático do Movimento das Forças Armadas e do programa da Junta de Salvação Nacional, foram as procissões realizadas. Segundo as entidades militares e policiais, as mesmas decorreram sem incidentes. No relatório pede também diretivas sobre a possibilidade de pedidos de exoneração por parte de presidentes de Câmara ou vice-presidentes em funções.
Cota: Governo Civil de Évora, Cx. 486, Letra A, nº 11, Proc. 1