24 de Maio de 2018
Documento do mês de maio de 2018
O documento que destacamos no mês de maio é uma escritura de compra e venda de um escravo, lavrada no cartório do tabelião Pedro Borges, em Évora, a 8 de janeiro do ano de 1592.
Foram outorgantes, como vendedor, Gaspar Gonçalves, lavrador e morador no termo da cidade de Évora, e, como comprador, o Reverendo Padre Frei Gaspar Leitão, mestre na Santa Teologia, pregador de El-Rei e provincial da Ordem dos Pregadores em Portugal, morador em Lisboa, que se fez representar, no ato da transação, por Frei Pedro dos Mártires, prior do Mosteiro de São Domingos da cidade de Évora.
O escravo chamava-se Luís, era branco, louro, de olhos verdes, pestanas brancas, rosto redondo e possuía na face esquerda “um sinal” feito, segundo o vendedor, por uma “mordedura de hum cavalo”, tinha “8 anos para 9 anos” e era filho de uma escrava, por nome Maria, que o vendedor comprara a João Montes, morador na “herdade dos pinheiros” (ou Herdade do Espinheiro), que ficava “no caminho para Santarém”.
O menino foi vendido por 20 mil réis, quantia que o vendedor recebera antecipadamente através de Frei Cristóvão de Magalhães, vigário das freiras do Mosteiro de Nossa Senhora do Paraíso, em representação do comprador.
O vendedor garantiu que o menino não tinha “manha alguma de bêbedo ladrão nem fujão nem outra alguma manha mas por bom escravo são seguro” e que se obrigava a recebê-lo de volta e “a tornar seu direito inteiramente” se o comprador, dentro do prazo estabelecido por lei, o devolvesse.
No final da escritura o vendedor na presença do tabelião e das testemunhas entregou o escravo a Frei Pedro dos Mártires que referiu que ele em nome do comprador aceitava e tomava a dita compra.
Cota: Cartório Notarial de Évora, liv. 306, f. 18 a 19 vº