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Notícias

26 de Julho de 2018

Documento do mês de julho de 2018

“Testemunhos da passagem dos franceses por Évora a 29 de julho de 1808”

A 29 de julho de 1808 os franceses invadiram a cidade de Évora deixando um rasto de destruição.

As casas das religiosas também foram vítimas da selvajaria por parte dos mesmos que, sem piedade, ocuparam os edifícios, destruíram o património, maltrataram e violaram religiosas.

O convento de São Bento de Cástris não foi exceção. Devido à sua localização, extramuros da cidade de Évora, as religiosas ficaram vulneráveis e tiveram de fugir do mosteiro, rompendo com os votos de clausura a que estavam obrigadas.

No processo de Maria do Carmo Vidigal, natural da cidade de Évora, noviça do Convento de São Bento de Cástris, no qual pediu e alcançou “Breve Apostólico de dispensa de novo noviciado e mais indulgências para poder professar”, consta o testemunho dos momentos que se viveram no convento, não só pela descrição que a mesma relata dos factos, mas também pelo depoimento das religiosas que testemunharam a seu favor.

Maria do Carmo Vidigal entrou para pupila do convento no ano de 1806. Quando chegou à idade do noviciado prosseguiu a sua aprendizagem durante 11 meses, praticando todas as obrigações de noviça e seguindo a comunidade nos atos religiosos até julho de 1808, data em que o convento foi tomado pelos franceses, que obrigaram as religiosas a fugir para os campos e a procurar refugiu em sítios seguros.

Maria do Carmo Vidigal seguiu o exemplo das religiosas e foi refugiar-se na casa de seus pais. Após a saída do inimigo do mosteiro as religiosas regressaram, bem como a dita noviça que principiou novo noviciado, por ordem do Prelado, onde durante um ano cumpriu as suas obrigações com zelo. Após acabar o noviciado, e, perante o temor de nova invasão pelos franceses, ficou a sua profissão adiada. Porém, continuou seguindo os atos conventuais até janeiro de 1811, em cuja época se aproximou o inimigo de Arraiolos. Novamente as religiosas, temerosas e por ordens superiores, abandonaram o seu mosteiro e procuraram asilo em casa de seus familiares.

Somente após a derrota das tropas francesas e do abandono do espaço conventual pelos militares é que as religiosas regressaram à instituição, assim como a noviça Maria do Carmo Vidigal.

Exigiram novamente à noviça a repetição do noviciado levando a mesma a solicitar e a receber, do Núncio Apostólico, breve de dispensa do mesmo.

 

 

 

 

 

 

 

 

Cota: Câmara Eclesiástica de Évora, SC: K-Conventos; SSC: H- Évora; SR: Série:013- Convento de São Bento de Cástris, Cx. 17, Doc. 62

 

 

 

Esta notícia foi publicada em 26 de Julho de 2018 e foi arquivada em: Documento do mês, Documento em destaque.