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Notícias

7 de Março de 2019

Documento do mês de fevereiro de 2019

Para o documento do mês de fevereiro destacamos o livro de registo dos autos de contas da receita e despesa da Capela instituída pelo Deão Álvaro Rodrigues, que tomaram André Machado, Estêvão Fragoso Ribeiro, Valério Galvão de Quadros, João de Sequeira e Sousa, Custódio Gomes Monteiro, Miguel Lopes Caldeira Artur, José António Calado, João Inácio de Brito e Abreu e Bernardo José de Lemos Viana, provedores das Comarcas de Évora e Estremoz, referentes aos anos de 1741 a 1780.

Álvaro Rodrigues foi capelão da corte de D. Manuel I e de D. João III, mentor da educação literária e religiosa da Infanta D. Isabel de Portugal, filha de D. Manuel I e de D. Maria. Após o casamento da infanta com o Imperador Carlos V (Carlos I de Espanha) acompanhou a comitiva da jovem imperatriz para Castela.

No testamento, que se encontra transcrito no início do livro, refere ter sido “…Deão e esmoller que fui da Imperatriz …Mestre dos Infantes de Castela…”. O testamento foi redigido a 12 de junho de 1540, na “…villa de Sevollo…” (no documento também aparece manuscrito villa de Savollo), pressupondo-se que a vila onde faleceu estaria localizada em Castela ou em território pertencente ao império de D. Carlos V. O testador menciona ser “ …vezinho da Villa de Estremoz que he no Rejno de Portugal…”.

Uma das disposições do testador foi que o seu corpo fosse sepultado na Igreja de São Salvador da villa de Sevollo mas que, mais tarde, os seus restos mortais fossem trasladados para Portugal e depositados na capela que mandava edificar e ornamentar, com invocação de Nossa Senhora da Conceição, na primitiva Igreja de Santo André na vila de Estremoz. Para a concretização da capela mandou que dos seus bens e fazendas se retirassem mil cruzados, que os mesmos fossem empregues na compra de “…fazendas de raiz…” e que os rendimentos delas perpetuassem a dita capela. O testador deixa expresso que na capela se rezassem missas pela sua alma, pela alma dos seus familiares, pela alma da imperatriz e dos seus ancestrais.

Delegou ao Dr. Jorge de Oliveira, seu sobrinho, que mandasse fazer a obra e que fosse o “Patrão” da dita capela, que nomeasse o capelão e que mandasse rezar missas segundo a sua disposição, o mesmo pedia ao filho do mesmo, Rodrigo de Oliveira, e aos seus descendentes. Segundo as notas do provedor Bernardo José de Lemos, a capela de Álvaro Rodrigues fazia parte das Capelas da Coroa, provavelmente pela inexistência de sucessores legítimos do testador e, como o mesmo determinara, “…e he minha vontade e mando que fique aprover dos Reis de Portugal…”.

Outra referência interessante é o facto de Álvaro Rodrigues mencionar que possuía quatro igrejas em Portugal, possivelmente ligadas ao padroado real, sendo a Igreja de Santa Maria de Rebordões, a Igreja de São Martinho dos Moutais, a Igreja de São João de Parada e a Igreja de São Miguel de Vila Boa, que lhes deixava “vestimenta de damasco negro com suas sanefas de veludo negro ou de cores com suas Alvas e todo seu aparelho”.

Álvaro Rodrigues, também denominado nos autos de contas como Álvaro Rodrigues Canelas, nomeou sua herdeira de universal e usufrutuária de todos os bens sua irmã Brites Rodrigues, moradora no termo de Estremoz.

Nos autos de contas consta o nome das propriedades que foram adquiridas para patronear a capela instituída. Pela breve análise que se fez nas contas tomadas pelos provedores ao longo de 39 anos constatou-se que as propriedades foram bem administradas pelos seus donatários, que aumentaram o seu património ao longo dos anos e os rendimentos das mesmas foram sempre superiores à despesa das mesmas.

Esta notícia foi publicada em 7 de Março de 2019 e foi arquivada em: Documento do mês, Documento em destaque.