8 de Setembro de 2020
Documento do mês de setembro de 2020
“A fundação da Fonte da Água de Prata da Porta de Moura”
O documento que destacamos é a resposta de D. João III à carta dos vereadores e procurador da cidade de Évora em que solicitavam que do Cano da Água da Prata se levasse um cano, com a água que o monarca autorizasse, até ao terreiro da Porta de Moura para se fazer uma fonte e chafariz, alegando que naquele lugar faziam muita falta aos vizinhos e povo dele e enobrecia a cidade.
O rei concedeu mercê para a construção da fonte e chafariz, para o usufruto do povo, no sítio que achassem mais conveniente e ordenou que do dito Cano da Água da Prata se levasse então um outro, salvaguardando que só fosse disponibilizada a quantidade de água que passasse pelo buraco cujo diâmetro ia desenhado na carta, correspondente a “(…) um círculo branco metido em um quadrado preto (…)”.
O cano de metal teria três palmos de comprimento e o vão do buraco devia ser do tamanho do dito círculo. O buraco seria feito no cano todo de um tamanho, de uma parte e outra, e assentar-se-ia “(…) ao livel (…)”, de maneira que não entrasse mais água pelo dito cano, para ir até à fonte do terreiro, do que a que coubesse pelo vão.
Para que se pudesse visitar e ver se o dito buraco estava conforme, o que mandava fazer, ordenou que se pudesse tapar e destapar quando fosse necessário e que se fizesse uma arca onde a dita água entrasse no cano que fosse para o terreiro, com porta e fechadura e que as chaves fossem entregues a quem estivesse encarregado pelo Cano Grande da Água da Prata.
Da dita arca para a fonte a água iria por baixo do chão, sem danificar as ruas e vizinhos delas, continuadamente de dia e de noite enquanto El-Rei não mandasse o contrário, ficando os vereadores e o procurador da cidade obrigados a vigiar a água que ia para o cano para não passar mais quantidade de água do que ele determinara.
Lavrada em Lisboa, a 11 de setembro de 1556, por André Sardinha. Trasladada por Manuel da Costa. Assina o Rei.
Cota: Arquivo Histórico Municipal de Évora, liv. 76, f. 436