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Notícias

2 de Novembro de 2020

Documento do mês de novembro de 2020

O documento do mês de novembro é dedicado ao dia 1, feriado nacional, Dia de Comemoração de Todos os Santos, em honra dos que foram perseguidos e martirizados por defenderem a sua fé. Por antecipação ao dia 2 celebra-se também nesta data o dia dos fiéis Defuntos, tradicionalmente conhecido por Dia de Finados. Segundo a tradição cristã é dedicado ao culto aos falecidos, sendo o dia em que se celebra missa e se visitam os túmulos para prestar homenagem aos mortos.

O documento deste mês é alusivo ao jazigo mandado construir pelos testamenteiros de Francisco António Tormenta, cujo pedido de construção e a planta, datados de 1900, se encontram depositados no Fundo do Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Évora, à guarda do Arquivo Distrital de Évora.

Francisco António Tormenta, ilustre proprietário da cidade de Évora, solteiro, natural da freguesia de São Mamede de Évora, era filho de Estêvão José Tormenta e de Mariana Josefa Tormenta. Sem ascendentes nem descendentes, ordenou em testamento realizado em 1891 que se mandasse construir um jazigo para nele se depositarem os seus restos mortais. Jazigo que, de acordo com a sua vontade, “será modesto e terá altar com imagem do Crucificado e na lápide que cobrir a minha sepultura se gravará somente o meu nome e as datas de meu nascimento e falecimento”. No mesmo documento manifesta também a forma como quer ser sepultado: “Quero que o meu corpo seja envolto n’um lençol somente, e, passadas vinte e quatro horas, conduzido para o cemitério no esquife por seis artistas das fabricas de curtumes da dita freguesia aos quais se dará dois mil duzentos e cinquenta réis a cada um. Passadas quarenta e oito horas depois do meu falecimento, será o meu corpo, somente amortalhado n’ um lençol e descalço, encerrado em caixão de chumbo”.

Este exemplo recorda-nos a relação do Ser Humano com esse momento inexorável que é a morte e a forma como é encarada. Francisco Tormenta quis pautar a despedida por um certo desapego à materialidade de forma a entrar na nova vida em conformidade com os cânones cristãos. Deixou, ainda assim, um jazigo que pretendia perpetuar a sua memória para sempre.

É em nome da sobrevivência da memória dos que nos deixaram, e do que ainda significam para cada um de nós, que se mantém a tradição de visitar os nossos entes queridos nos cemitérios.

Cota: Fundo da Santa Casa da Misericórdia de Évora, Pasta 1897.

Esta notícia foi publicada em 2 de Novembro de 2020 e foi arquivada em: Documento do mês, Documento em destaque.