7 de Junho de 2011
Dia Internacional dos Arquivos e Dia de Portugal
Quer o Arquivo distrital de Évora juntar-se às Comemorações do Dia Internacional dos Arquivos, dia 9 de Junho, e também ao Dia de Portugal, dia 10 de Junho.
Continuam a existir pessoas que desconhecem o papel dos arquivos, a sua acção na preservação das memórias dos nossos antepassados e das nossas próprias memórias para as gerações vindouras. Ainda se associa os arquivos aos locais onde podem obter certidões notariais ou paroquiais ou onde se armazenam “papéis velhos” ou “livros velhos”.
Se hoje somos um país, um povo com identidade, é porque há muitos anos atrás, para além do que podemos imaginar, existiu História. Tal como referem as enciclopédias, “História é o conjunto de factos ou acontecimentos sociais, políticos, institucionais, culturais, económicos…do passado, que determinaram a evolução de um povo, estado e humanidade.”
Os documentos que foram sendo guardados através dos séculos, e hoje estão ao cuidado de instituições como o Arquivo Distrital de Évora, são os vestígios de maior riqueza deixados pelos nossos antecessores, que nos permitem ter uma visão das nossas raízes. Da história das mentalidades, dos comportamentos, da história económica e social, da história das famílias…
Como exemplo do que referimos deixamos um Termo elaborado pelo Padre Manuel Vicente Leal, datado possivelmente de 1709 (o Reverendo tomou posse da Igreja a 23 de Fevereiro), pároco da paróquia de Cabrela, do concelho de Montemor-o-Novo. As suas palavras denotavam já o sentimento de preservação dos documentos históricos para que num futuro longínquo os mesmos pudessem ser o testemunho quer da sua presença quer da de outrem. Pode, pois, dizer-se que este Padre possuía já o Espírito de um Arquivista:
“(…)Não achei nesta Igr.ª mais livros alguns de bautizados, casados, e defuntos, nem mais antigos, do que estes dous asima mencionados, e isto succede commummente nas mais das Igrejas deste Reino, que sendo invadido dos Castelhanos, estes queimarão os livros das Igrejas, como he tradição; e cuidando, que destruirião as memórias dos Portugueses, lhe queimarão os livros de seos nascimentos.
Neste tomo se achão muitos assentos dos mais antigos com mui graves defeitos, e mui crapos descuidos…
… E não he obrigação, nem convem ter os livros na Igreja porque apodrecem com a humidade, e os comem os ratos, e sempre os tive em meu poder, em minha casa, na minha livraria, e o mesmo faziam os meos antecessores…
E deve cuidarse muito em fazer os assentos com boa pena, e com boa tinta, para se fazerem com perfeição; e porque feitos com tintas ruins a breves anos se apagão” .