31 de Agosto de 2017
Documento do mês de agosto de 2017
O Arquivo Distrital de Évora possui um vasto conjunto de fontes documentais que podem, de algum modo, complementar e enriquecer as informações sobre a genealogia, a história local, a história das mentalidades e outras.
Neste mês de agosto damos a conhecer o “Livro de Registo dos Fogos e Moradores no Distrito da 3ª Companhia da Capitania Mor de Ordenanças de Évora” [1832].
As “Ordenanças” eram uma organização militar da força local. Foram criadas no reinado de D. Manuel I com o objetivo de se criar uma estrutura de recrutamento e mobilização territorial de um exército nacional. Até ao reinado de D. Sebastião o sistema não teve grande sucesso na sua implementação.
Pelo Regimento dos Capitães-Mores de 10 de dezembro de 1570, D. Sebastião organiza ordenanças com base nas capitanias, cada qual a cargo de um capitão-mor. Cada capitania correspondia à área territorial de uma cidade, vila, concelho ou território senhorial e incluía várias companhias de ordenanças, cada qual a cargo de um capitão e com um efetivo de cerca de 250 homens. Os oficiais das ordenanças são designados pelas câmaras municipais, exceto nas terras onde existisse alcaide-mor, caso em que este assumia por inerência o cargo de capitão-mor. Os cargos dirigentes eram atribuídos aos mais notáveis das terras, passando os oficiais de ordenanças e, especialmente, os capitães-mores, a dispor de uma enorme influência local.
As ordenanças serviram de mecanismo de recrutamento e mobilização de soldados, nomeadamente, para a Batalha de Alcácer Quibir e para a Guerra da Restauração. Aos poucos a Coroa foi centralizando a nomeação dos oficiais das ordenanças. Associadas ao Antigo Regime, foram extintas no Liberalismo e substituídas pela Guarda Nacional.
Através do novo regulamento de recrutamento militar, estabelecido pelo conde de Lippe em 1764, as capitanias são agrupadas em 45 distritos de recrutamento, cada qual correspondendo a um dos 45 regimentos existentes. Cada distrito deveria abastecer de recrutas o regimento correspondente. Em 1806, os distritos são substituídos por 24 brigadas de ordenanças, cada qual constituindo a circunscrição de recrutamento e mobilização de um regimento de infantaria e de dois de milícias.
Em 1832, o território da 3ª Companhia da cidade de Évora abrangia os moradores da Rua Ancha, Rua Nova, Terreiro de São Tiago, Beco da Praça do Peixe, Praça do Peixe, Rua do Salvador, Porta Nova, Rua do Bagulho, Travessa da Cancela, Travessa de Santo André, Rua das Adegas, Terreiro de Santa Catarina, Rua das Galvoas, Rua do Imaginário, Rua da Ladeira, Rua de Santa Marta, Terreiro de São Domingos, Rua de André a Cavalo, Rua de Álvaro Pires, Rua das Invernas, Rua de São Cristóvão, Rua de Frei Brás, Rua do Alfeirão, Rua das Biquinhas, Rua da Milheira, Rua do Saravato, Rua da Cal Branca, Terreiro dos Penedos, Rua do Lagar do Cebo, Rua da Carta Velha, Rua dos Aferrolhados e a Rua das Lousadas (ou Loizadas).
O livro está organizado pela distribuição da 1ª à 4ª esquadra da companhia e dentro de cada uma as ruas que a elas estavam afetas.
Contém o número atribuído às casas, os nomes das pessoas que ali habitavam, a idade, o estado civil, a profissão, a naturalidade, a filiação, a data em que se alistavam, e um campo onde eram registadas algumas observações que se julgassem relevantes (se as casas estavam desabitadas, se eram cavalariças, casas de despejo ou outras).
Cota: AHMEVR, liv. 200