6 de Janeiro de 2023
Documento de janeiro de 2023
Tipografia Económica de José de Oliveira
Évora foi uma cidade que, desde a invenção da técnica de impressão descoberta por Gutenberg, se distinguiu na arte da impressão.
No séc. XIX foram muitas as tipografias que proliferaram na cidade, desenvolvendo a sua atividade de impressão de publicações periódicas (locais e literárias) e de publicidade (comercial, de atividades artísticas e lúdicas, entre outras).
Uma das tipografias que surgiu em 1887 foi a Tipografia Económica José de Oliveira, que orientou a sua atividade mais para a área comercial.
José de Oliveira era natural da Aldeia Galega (Montijo), filho de Manuel de Oliveira e de Angélica Rita, naturais da mesma localidade, e faleceu no hospital civil de Évora a 8 de dezembro de 1918. Segundo Gil do Monte terá aprendido o ofício de tipógrafo na Casa Pia de Lisboa e instalou-se em Évora para “assumir a gerência da extinta oficina da Casa Pia”.
Na documentação do Fundo da Casa Pia de Évora consta a proposta que, a 14 de junho de 1886, José de Oliveira fez à Casa Pia de Évora para comprar a tipografia da instituição.
No ano de 1887 aparece pela primeira vez nos livros de recenseamento eleitoral da cidade como tipógrafo, casado, de 34 anos, e morador no Largo do Colégio, freguesia da Sé.
O documento que divulgamos corrobora a compra da tipografia por parte de José de Oliveira, localizando a oficina sediada no Largo do Colégio, nº 14 (no Edifício da Casa Pia). Uma das condições inclusas na proposta de compra da tipografia da Casa Pia era que a administração da instituição lhe cedesse casa para a oficina.
O panfleto da “Typographia Economica José de Oliveira” é a memória documental de alguns trabalhos executados pela oficina e encontrava-se descontextualizado na documentação do Governo Civil. Contém a relação de impressos de carácter oficial executados pela tipografia e o respetivo preçário. Os impressos eram utilizados por Administradores, Câmaras, Corporações e/ou Institutos, Diretor do hospício, Juntas de Paróquia, Professores, Regedores, Tesoureiros e outros. No panfleto publicita-se que executava todos os trabalhos de impressão, inclusive bilhetes de visita, e de encadernação. Propunha-se executar todo o trabalho, quer tipográfico quer de encadernação, com “Prompidão” e “Perfeição”, fazendo descontos para pedidos em grande número e a “Preços sem competência”.
José de Oliveira era um cidadão respeitado na cidade. Para além de tipógrafo também foi proprietário dos jornais eborenses “O Operário” e “A Escola”, escreveu para diversos jornais locais e destacou-se como ator de teatro amador. Foi um dos membros fundadores da Sociedade Recreativa e Dramática Mendes Leal, cujos estatutos foram aprovados em 1891.
Não se conhecem muitos trabalhos da tipografia e, segundo Gil do Monte, esta terá sido extinta em 1904. Segundo o mesmo autor, José de Oliveira ingressou em 1911 como tipógrafo na Tipografia “Minerva Comercial”, onde trabalhou até falecer.
Fontes:
Monte, Gil do – Subsídios para a História da Tipografia em Évora nos séculos XIX e XX. Of. Gráfica Eborense, Évora, março 1980.
ADE, Casa Pia de Évora, SC:E-E/001, cx. 1, pt. 6, doc. 17
ADE, Conservatória do Registo Civil de Évora, Livros de extratos de óbito, nº 10, f. 273Vº
ADE, Governo Civil de Évora, SC: H/B/001-023, cx. 2, pt. 23