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29 de Julho de 2025

Documento do mês de julho 2025

No dia 29 de julho de 1808, na sequência das Guerras Napoleónicas, as tropas francesas comandadas pelo General Loison invadiram a cidade de Évora deixando um funesco rasto de destruição por onde passaram.

Aos militares juntaram-se civis e religiosos que lutaram corajosamente, fazendo frente ao exército francês e foram bastantes os que perderam a vida nos confrontos com o inimigo.

Nos livros de registo de óbito das paroquias da cidade de Évora e também nos das freguesias periféricas encontramos referência a nomes de pessoas que perderam a vida nos confrontos, nomeadamente civis. Mas existem outras fontes que também mencionam e documentam a memória do nefasto sucedido e o nome dos que perderam a vida.

Selecionámos para documento do mês de julho um registo de óbito e um processo de judicial que se complementam e corroboram o falecimento de um cidadão, morador em Estremoz, que ocupava um cargo de juiz na cidade de Évora e que faleceu na sequência da invasão no dia 29 de julho de 1808.

Estamos a falar de Manuel da Rosa Simões Moreira, natural de Caselas, concelho de Lisboa, viúvo de Joana Teresa Pereira de Abreu, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo, morador em Estremoz na Porta Nova, foi Juiz de Fora, do Geral e dos Órfãos da Comarca de Estremoz no final do séc. XVIII, foi nomeado Corregedor das Comarcas de Évora e Estremoz a 4 de agosto de 1798, cargo que ocupou até 1802, e aquando do seu falecimento ocupava o cargo de Desembargador em Évora.

No registo de óbito, lavrado a 5 de agosto de 1808, está mencionado que não recebeu os sacramentos e que se desconhecia onde fora sepultado por morrer no combate com os franceses nos coutos da cidade a 29 de julho.

Manuel da Rosa Simões Moreira foi um de muitos que ficaram enterrados em valas comuns, na sequência das invasões francesas, cujos corpos nunca não foram entregues às famílias que os reclamaram.

Outro documento que corrobora o seu falecimento às mãos dos franceses é o processo de inventário judicial dos bens do casal de Manuel da Rosa Simões Moreira.

Na folha de rosto do processo está anotado que faleceu a 29 de julho de 1808 “(…) na ocasião do combate que os franceses derão em Évora (…)”.

O processo iniciou a 28 de novembro de 1808 em Estremoz, no Juízo de Fora e do Geral da mesma Comarca, a requerimento e por iniciativa de José António Simões, Maria Rosa, Joaquim Simões Ramos, Eufrásia Teresa de Jesus, Mariana Rosa, António Simões, Francisco Simões Margiochi, e Dâmaso Simões, irmãos maiores do falecido, para se habilitarem e regularizarem a partilha dos bens deixados pelo mesmo. No decorrer do processo os irmãos Joaquim Simões Ramos, Eufrásia Teresa de Jesus, Mariana Rosa, António Simões, Francisco Simões Margiochi, e Dâmaso Simões desistiram da herança a favor de José António Simões e de Maria Rosa, por reconhecerem pertencer a herança, por direito, somente aos mesmos por serem ambos filhos de Manuel Simões e Maria Rosa, pais do falecido desembargador.

 

 

Cotas:

F: Paróquia da Sé de Évora, SR: 001- Livros de registo de batismo, Cx. 39, liv. 91, f. 273vº

F: Juízo de Fora, do Geral e dos Órfãos de Estremoz; Secção: A-Cível; Série 001-Inventários Orfanológicos; Cx. 76, doc. 1149

 

Esta notícia foi publicada em 29 de Julho de 2025 e foi arquivada em: Documento do mês, Documento em destaque.